COLÉGIO SALESIANO DE AROUCA

por jcerca em 13 de Julho de 2015

Subsídios para a história de Arouca

O funcionamento do Colégio Salesiano em espaços do Mosteiro de Arouca, incluindo a própria cerca, representou uma mais-valia, não só para Arouca, como também para a preservação deste monumento nacional.

Na verdade, nas diversas  e morosas diligências que precederam a instalação do Colégio Salesiano no Mosteiro de Arouca, várias outras opções  foram consideradas, nessa altura, para a ocupação do Mosteiro, entre elas, a hipótese de uma prisão para jovens delinquentes, ou ainda um hospício para pessoas com demência.

É óbvio que a opção pela instalação de um Colégio, mesmo com a finalidade inicial de seminário menor, foi, sem dúvida alguma, aquela que mais adequada estava, não apenas ao perfil do próprio edifício, como também às características e desejos  da comunidade local.

Arouca, podemos dizê-lo, beneficiou muito com a instalação desse Colégio, muito embora ele tenha apenas funcionado durante 22 anos, entre 1960 e 1092.

Colégio Salesiano – o livro

Foi apresentado no dia 4 de Julho, durante o encontro de antigos alunos salesianos, que decorreu em espaços, outrora ocupados pelo Colégio Salesiano, um livro sobre o Colégio Salesiano e no  qual são  apresentados  alguns dados curiosos, muitos deles desconhecidos  da maior parte do público arouquense.

Colégio Salesiano_Capa

Editado pela Província Portuguesa da Sociedade Salesiana é seu autor o salesiano Pe. José Rogério de Almeida.

Baseado fundamentalmente em documentos retirados do Arquivo da Congregação Salesiana, esta obra representa, acima de tudo, um excelente subsídio para a história dos Salesianos em Arouca, ajudando a compreender toda a morosa preparação para a sua chegada em 1960, bem como a sua saída, 22 anos depois.

Dos primeiros contatos ao encerramento do Colégio

Encontrando-se, então, o Convento em adiantado estado de degradação, a verdade é que as diligências para a vinda dos Salesianos para Arouca se iniciaram em 1947, tendo essas mesmas diligências contribuído para o aceleramento das obras de restauração do imóvel e sua adaptação a Colégio.

Diversa correspondência trocada entre os Salesianos, o Diretor-Geral da Fazenda Pública, o Ministério das Obras Públicas e o próprio pároco de então, Pe. Adriano de Sousa Moreira, ajudam a perceber os bastidores da presença do obra salesiana em Arouca e que durou pouco mais de duas décadas.

Capítulo curioso é aquele dedicado à chegada dos primeiros salesianos a Arouca: “Escusado será dizer que a Vila ia caindo em peso sobre nós, só para ver os senhores abades desportistas”

Foto02

Na diversa troca de correspondência entre os Salesianos e as entidades de quem dependia a gestão do Mosteiro surgem pormenores muito curiosos, como o pedido da cedência da cerca para uso do Colégio Salesiano, bem como da utilização do coro (cadeiral) para servir de capela enquanto os Salesianos não dispusessem de uma para uso da sua comunidade.
Pormenor interessante e constante num dos ofícios datado de 1959 é a disponibilidade que os Salesianos oferecem para mostrarem o convento aos visitantes: “os salesianos assumem a responsabilidade de manter um salesiano para mostrar o convento aos visitantes, todos os dias, com horário definido, como em todos os monumentos nacionais”.

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Tratando-se, inicialmente, não apenas de um simples Colégio, mas de uma casa de formação tipo seminário menor, este livro dedica algumas páginas à vida no colégio, nomeadamente às actividades  de  vida espiritual proposta aos alunos e em que são referidas, entre outras coisas, as festas religiosas, as campanhas missionárias e os retiros espirituais.

Capítulo interessante é a passagem do Colégio-seminário a Colégio-externato, mantendo, no entanto, na sua dinâmica pastoral, a dimensão vocacional.

O livro apresenta ainda alguns documentos fotográficos sobre a vida interna do Colégio, bem como alguns dados sobre a história do Centro Juvenil Salesiano.

O encerramento do Colégio

Tal como decorreram vários anos de diligências antes da abertura do Colégio em 1960, também a decisão do seu encerramento em 1982 é precedida de um longo processo de que este livro apresenta alguns documentos, nomeadamente decisões capitulares e troca de correspondência diversa.

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Na verdade, o futuro do Colégio Salesiano começa a ser motivo de debate entre os responsáveis salesianos, alguns anos antes do seu encerramento definitivo, nomeadamente desde 1974. As causas invocadas para isso prendem-se, não só com o número de alunos, mas também com a indefinição da acção pastoral dos Salesianos em Arouca. “Quanto à zona pastoral tudo está muito indefinido e os salesianos limitam-se a dar a colaboração que lhes é pedida e nas actividades juvenis continuam a suportar uma certa oposição por parte dos organismos paroquiais”

Embora o autor se limite, quase sempre à apresentação de documentos, sem contudo exprimir qualquer posição, a verdade é que os capítulos sobre a saída dos salesianos de Arouca e sobre as reacções que tal decisão então provocou, serão certamente aqueles que despertarão maior curiosidade e interesse por parte dos leitores, sobretudo para aqueles que, há 33 anos, viveram, com alguma emoção, essa saída.

Tal decisão provocou alguma agitação junto da opinião pública o que obrigou mesmo a uma comunicação aos paroquianos por parte do pároco de então e que é integralmente transcrita neste capítulo. A troca de correspondência entre os Provinciais  e os Bispos do Porto que acompanharam então este processo de encerramento do Colégio fazem parte também deste capítulo.

A publicação deste livro, editado em pleno ano do bicentenário do nascimento de  D.Bosco, fundador da Congregação Salesiana e 33 anos após o encerramento do Colégio Salesiano, vem de novo trazer à baila, não só o vazio pastoral e cultural que tal decisão deixou na comunidade arouquense, como vem também chamar a atenção para o vazio físico em que o espaço do ex-Colégio, incluindo a sua cerca, continua, com consequências para a preservação do mesmo.

Este livro está disponível para aquisição de quem o desejar, na sede do Centro Juvenil Salesiano e na Secretaria interparoquial.

José Cerca
Publicado no semanário “Discurso Directo” nº364  de 17 de julho 2015

{ 2 comentários… lê abaixo ouadiciona }

1 António da Cunha Duarte Justo 13 de Julho de 2015 às 9:03

Obrigado, amigo José Cerca, por mais esta narrativa da grande narração que foi a vida do convento em que coube parte das nossas vidas. Pude identificar-me na primeira foto, ao lado do Pe. Valinho.
Parabéns

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2 Ferreira Ilidio 11 de Dezembro de 2017 às 14:57

Boa tarde.
Antigo Aluno nos anos 1967 1968,gostaria de saber omde posso comprar esse livro.
Cordialmente Ilidio

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