BICENTENÁRIO DA BANDA MUSICAL DE AROUCA

por jcerca em 23 de Fevereiro de 2025

As sinfonias arouquenses

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Tendo aberto as comemorações do 2º centenário da sua fundação no dia 9 de fevereiro, com uma sessão solene na Loja Intereativa de Turismo, a Banda Musical de Arouca realizou no passado dia 22 de fevereiro o seu primeiro Concerto que faz parte de um vasto programa das comemorações bicentenárias que se estenderão ao longo deste ano.

Este Concerto a cargo da nova Orquestra Sinfónica da Banda Musical de Arouca, dirigida pelo seu maestro Ivo Silva teve o ser reportório quase todo ele preenchido com a interpretação de duas sinfonias escritas pelo compositor arouquense Hermínio Teixeira, atualmente com 90 anos e a viver no Brasil para onde emigrou com os seus 17 anos de idade.

Desenvolvidas ao longo de 4 andamentos estas sinfonias, a Sinfonia nº 2 em Sol Maior, composta em 2006 e 2007 e a Sinfonia nº 5 em Lá menor, escrita em 2014, fazem parte do espólio que o compositor arouquense doou à Biblioteca Municipal de Arouca e tiveram neste concerto a sua estreia mundial.

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A execução musical destas duas sinfonias arouquenses foi intercalada com a interpretação do Concerto para saxofone alto e orquestra de cordas escrito em 1934 pelo compositor russo Alexander Glazunov e que teve como solista a saxofonista arouquense Carolina Brandão.

Hermínio Teixeira, o compositor arouquense

Desconhecido da grande maioria dos arouquenses este compositor começa agora a ser divulgado graças à descoberta e estudo do seu espólio guardado na Biblioteca Municipal de Arouca e esta divulgação não poderia ter sido mais adequada para enriquecer as comemorações da centenária Banda Musical de Arouca.

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E se a celebração de dois séculos desta instituição ao serviço da cultura, da divulgação e promoção da música, não só em Arouca, como pelo País fora é um exemplo de tenacidade, de brio e de dedicação a Arouca e ao seu património musical, também o exemplo, a persistência e todo o percurso de vida deste compositor arouquense testemunha bem a sua luta como emigrante em terras brasileiras e o seu enorme sucesso na conquista do seu sonho e dos seus objetivos. Daí que tenha sido muito feliz e justa esta homenagem que este concerto “As sinfonias arouquenses”, integrado no bicentenário da BMA lhe quis fazer com a estreia mundial destas duas “sinfonias arouquenses”. Esperemos que, futuramente, outras suas composições saiam do arquivo, onde se encontram, para poderem vir ao encontro dos arouquenses que sempre foram apreciadores da boa música e entusiastas da sua centenária banda musical.

20250221_230926 José Cerca

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FESTA DE S. JOÃO BOSCO EM AROUCA

por jcerca em 10 de Fevereiro de 2025

Com a presença do Delegado nacional da família salesiana, Pe. Artur Pereira, a Família Salesiana de Arouca evocou a memória de S.João Bosco no dia 9 de fevereiro. A festa deste ano foi enriquecida com as promessas de um grupo de 7 candidatas a Salesianas Cooperadoras que tiveram uma tarde de formação intensa sobre o Projeto de Vida Apostólica, na véspera e que encerrou com um momento de adoração na igreja jubilar do Mosteiro de Arouca.

O programa da festa começou com um momento de oração diante do altar de Nossa Auxiliadora que tem a particularidade de ter, além de um pequeno busto de D.Bosco, a imagem de Maria Auxiliadora que há mais de 60 anos fez parte da antiga capela dos Salesianos, quando o Colégio Salesiano funcionou, durante 22 anos, em espaços do Mosteiro de Arouca.

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Terminado o momento de oração o busto de D.Bosco foi levado em procissão para o altar-mor onde decorreu a Eucaristia concelebrada pelo Delegado Nacional da Família Salesiana e do pároco Luís Mário.

Após a homilia seguiu-se a promessa das novas Salesianas Cooperadoras, com a entrega a cada uma delas do seu respetivo Diploma de entrada na Associação dos Salesianos Cooperadores, fundada pelo próprio D.Bosco há 150 anos. Seguiu-se a renovação das promessas dos restantes membros aí presentes.

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Momento de convívio

Depois do almoço, num dos restaurantes da Vila, teve lugar, nas instalações da Academia Sénior de Arouca, gentilmente cedidas pela sua Direção, um momento de convívio.

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urante esse momento foi entregue a cada uma das novas Salesianas Cooperadoras, não só o Projeto de Vida Apostólica, bem como um pequeno livro sobre D.Bosco, com uma dedicatória assinada pelo Pe. Artur. Seguidamente foi lida uma mensagem da Coordenadora Provincial recentemente eleita, Rosa Mateus que deu as boas vindas às novas Salesianas Cooperadoras e se congratulou pelo seu “compromisso de viver o carisma de Dom Bosco no mundo, sendo sinais e portadoras do amor de Cristo aos jovens e àqueles que mais precisam.”

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Nessa mensagem, lida pelo Delegado Nacional, a Coordenadora Provincial desejou às novas salesianas cooperadoras de Arouca que “Sejam luz e esperança, levando por diante o sonho de Dom Bosco com generosidade e alegria!  Sejam bem-vindas a esta grande família!” 

Antes de regressar a Lisboa o Delegado Nacional da Família Salesiana manifestou a sua satisfação pelos novos membros que hoje deram entrada na Associação dos Salesianos Cooperadores, salientando a importância de todos colaborarem no funcionamento e dinamismo dessa Associação salesiana que pretende, através das suas atividades locais, manter vivo o espírito de D.Bosco em Arouca.

José Cerca

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O LIVRO DE MANSORES

por jcerca em 8 de Dezembro de 2024

 A mais completa monografia sobre a Freguesia

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Com o auditório do Salão Paroquial de Mansores completamente cheio, teve lugar no dia 7 de dezembro de 2024, a apresentação pública de “O livro de Mansores” do dr. José António Rocha.

Apaixonado pela sua terra e pelo seu Concelho, como o provam as suas várias publicações sobre Mansores, José Rocha atinge, com esta obra, a cereja em cima do bolo, um bolo confeccionado arduamente, durante tantos anos e que agora é distribuído ao público, nomeadamente aos mansorenses que acorreram a esta sessão de apresentação, o que prova, à priori, o interesse e o apoio do povo de Mansores a esta publicação sobre a sua terra.

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O livro de Mansores

A apresentação da obra e do seu autor foi feita pelo professor Luís Pinho que começou por salientar a insaciável curiosidade e o grande amor à cultura do dr. José Rocha, seu amigo de infância.

Abordando a estrutura desta vasta obra, com mais de 700 páginas, ricamente ilustradas e com ótima apresentação gráfica, que esteve a cargo do designer Paulo Jesus, também ele natural de Mansores, Luís Pinho começou por chamar a atenção para o índice da obra, muito bem elaborado, e que ajudará, facilmente, o leitor a navegar através das suas numerosas páginas, quando as quiser consultar.

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Dando-nos uma visão autentica da Freguesia, esta obra é “a memória das gentes de Mansores” e fruto de longas e aturadas pesquisas que o seu autor fez, apaixonadamente, durante vários anos.

Seguidamente o autor, visivelmente satisfeito mas, ao mesmo tempo, gratamente aliviado por ter chegado ao fim deste intenso e absorvente projeto editorial, referiu as inúmeras diligências que encetou à procura de apoio financeiro para a edição desta obra, quer junto de pessoas individuais, quer de entidades coletivas.

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Falando, seguidamente, sobre a génese desta exaustiva monografia sobre Mansores, José Rocha narrou algumas curiosidades sobre personagens de Mansores constantes na obra e referiu os principais custos administrativos à volta da publicação desta sua mais recente obra.

Apostando na qualidade gráfica desta monografia, José Rocha devolve aos mansorenses o produto da sua intensa e apaixonante pesquisa e recolha documental, afirmando que “o livro deixou de ser meu para passar a ser da comunidade e dos leitores”.

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Grafismo inovador

Paulo Jesus, formado em design gráfico, foi o responsável pela paginação e pela criação do grafismo original desta publicação.

Distribuindo o abundante material recolhido e produzido pelo autor da obra, ao longo de 12 capítulos, Paulo Jesus justificou não só a cor, como também, o grafismo da capa em que predomina o verde, pretendendo, assim, exprimir as várias tonalidades que o verdejante vale de Mansores apresenta ao longo do ano.

Por sua vez, as impressões digitais que o título do livro apresenta, pretendem assinalar as mãos trabalhadoras dos mansorenses, ao longo das várias gerações.

Considerando o autor da obra um grande embaixador de Mansores e de Arouca, através das suas diversas obras já publicadas, o Presidente da Junta de Freguesia, Jorge Oliveira, manifestou o seu orgulho pela publicação desta vasta monografia e exprimiu a sua satisfação pela grande afluência do público na apresentação da mesma.

Ciente da importância do papel que os professores representam na formação dos seus alunos e no gosto pela leitura e pela cultura que lhes tentam transmitir, Jorge Oliveira chamou ao palco as duas professoras primárias do autor, Áurea Rita e Maria Martins, para lhes entregar um ramo de flores, como símbolo da gratidão pelo seu exigente trabalho docente e educativo.

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Refira-se ainda, que a abertura e o encerramento desta sessão de apresentação teve um apontamento musical através da interpretação de dois trechos musicais, um em viola, na abertura, e outro em violino, no encerramento, por parte de dois jovens de Mansores, o Miguel e a Constança.

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Cultivar e manter viva a memória do passado da nossa terra e dos nossos pais é um dever e uma expressão de gratidão” – escreve o autor desta monografia na introdução da sua obra. E é indiscutível que esta bela publicação foi um excelente contributo para o cumprimento deste objetivo, mas é óbvio que tal gratidão será também, e mui justamente, direcionada ao seu autor, o dr. José Rocha por esta mais extensa monografia sobre Mansores.

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E será natural que os mansorenses sintam orgulho por esta obra, bem como gratidão e reconhecimento pelo seu autor.

José Cerca

Publicado no jornal “Discurso Directo” nº610  de 13 de  dezembro de 2024

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AROUCA ENCERRA O IV FESTIVAL INTERNACIONAL DE ÓRGÃO

por jcerca em 1 de Dezembro de 2024

Tendo decorrido em 12 municípios da Grande Área Metropolitana do Porto, de 19 de outubro a 1 de de dezembro, coube a Arouca encerrar a 4ª edição do Festival internacional de órgão e música sacra (FIOMS).

Surgido em 2021 com o objetivo de “preservar, promover e valorizar o vasto e rico património organístico da Diocese e Área Metropolitana do Porto” esta 4ª edição realizou 40 concertos em 34 das mais emblemáticas igrejas da diocese do Porto e envolveu mais de 400 artistas nacionais e estrangeiros.

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Para o encerramento deste Festival internacional de órgão, nada melhor do que o belíssimo espaço do cadeiral do Mosteiro de Arouca, em cujo cenário barroco se impõe, desde 1743, o seu órgão ibérico o qual, pelas mãos do organista espanhol Juan Maria Pedrero, exibiu, uma vez mais, as potencialidades da sua rica sonoridade.

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A abrir o Festival Filipe Veríssimo, Diretor Geral deste Festival, agradeceu ao Município de Arouca e a todos os municípios que, acreditando neste projeto, deram ao mesmo o seu valioso contributo e apoio.

Satisfeito pela adesão do público a este Festival, Filipe Veríssimo informou que a próxima edição alargar-se-á também ao Brasil, transformando-se assim num Festival Intercontinental de órgão.

Dos diversos organistas que deram vida a este Festival coube ao organista espanhol Juan Maria Pedrero encerrar esta longa série de concertos que integraram a 4ª edição deste Festival.

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Sendo um especialista em música ibérica para órgão, interpretou diversas peças de 7 autores dos séculos XVI, XVII e XVIII, quase todos eles espanhóis, à exceção do português Pedro de Araújo (1640-1704) que abriu este concerto com a sua peça mais famosa para órgão, a Batalha de 6º tom.

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Sendo numerosos os órgãos de tubos existentes por toda a vasta diocese do Porto este evento muito contribuirá, não só para a sua divulgação, preservação e valorização, como também para aproximar o público daquele que é considerado mui justamente “o rei dos instrumentos”.

José Cerca

Publicado no jornal “Discurso Directo” nº610  de 13 de  dezembro de 2024

Publicado no semanário “Voz Portucalense” nº43  de 04 de  dezembro de 2024

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O TEMPO ESCONDIDO NO ANEXO 263

por jcerca em 13 de Outubro de 2024

Peça de teatro baseada no Diário de Anne Frank

Com o auditório da Loja Interativa de Turismo de Arouca completamente cheio, teve lugar, no dia 12 de outubro, a apresentação de uma peça de teatro baseada no Diário de Anne Frank, escrito entre 1942 a 1944 durante a II Guerra Mundial e levado à cena pela Oficina de expressão dramática “Reinventa-te” da Associação Cultural e Recreativa de Mansores, sob a direção artística e encenação de Joana Silva.

A evocação do tema do nazismo e dos seus campos de concentração esteve sempre presente ao longo da representação desta peça de teatro.

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Já com os atores em palco, a peça iniciou-se com uma breve contextualização em voz off, de modo a situar historicamente o ambiente vivido no Anexo 263, durante a II Guerra Mundial.

Trata-se, efetivamente, de um anexo secreto criado na empresa do pai de Anne Frank na Holanda e onde ela se escondeu da perseguição nazi. Foi aí que ela, entre os seus 13 e 15 anos escreveu o seu diário para a ajudar a passar o tempo nesse apertado esconderijo.

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Após esta contextualização, a peça iniciou-se com a mudança visual dos atores, trocando as suas roupas pelas fardas de prisioneiros dos campos de concentração nazis.

Escrito no anexo 263 por uma adolescente, a narração deste Diário e a sua evocação, de uma maneira original e criativa, só poderia ter sido feita por uma grupo de adolescentes que, partilhando a narração de cenas deste Diário, conseguiram manter a unidade da narrativa, conferindo-lhe, ao mesmo tempo, alguma variedade visual e dramática, ao longo da peça que evoca um período tenebroso da História mundial.

Dinâmica colaborativa

Após a indicação do destino final e trágico de alguns dos personagens referidos ao longo deste Diário, tendo-se salvado apenas o pai de Anne Frank, a plateia aplaudiu de pé esta original interpretação e esta criativa evocação do Diário de Anne Frank, ensaiado e dirigido por Joana Silva.

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Subindo ao palco, a ensaiadora agradeceu a presença do numeroso público, bem como o apoio dos pais dos jovens atores, salientando a colaboração de muitos deles na confecção das roupas, na construção dos cenários e na elaboração das gravações sonoras de apoio à execução da peça.

Por sua vez, Margarida Belém, Presidente da Câmara Municipal de Arouca, salientou o entusiasmo deste grupo de adolescentes e da sua ensaiadora e agradeceu também aos pais por terem acreditado neste projeto teatral que envolveu muitos dos seus filhos.

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Viver depois da morte

Tratando-se de uma peça ainda muito atual e que nos faz refletir, remetendo-nos para situações difíceis e bélicas que se vivem no Mundo de hoje, esta evocação do Diário de Anne Frank terminou com um grito proclamado energicamente do palco pelos adolescentes que o interpretaram “Quero continuar a viver depois da minha morte”!…

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Esta contradição verbal justifica-se e entende-se bem, até porque as cenas representadas deste Diário de Anne Frank evocam o drama humano tragicamente vivido “naquele que talvez tenha sido o mais terrível período da Humanidade” e sabendo nós que cada vez mais se corre o risco da Humanidade voltar a viver idêntico período.

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Daí a pertinência deste grito “para que este genocídio nunca seja esquecido. Para que nunca nos esqueçamos do que a raça humana foi capaz de fazer….E para que nunca deixemos que se repita”.

José Cerca

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