MÚSICA IBÉRICA NO ORGÃO DO MOSTEIRO DE AROUCA

por jcerca em 24 de Fevereiro de 2014

Concerto de apresentação do CD

As gravações no órgão ibérico do Mosteiro de Arouca realizaram-se em Julho passado; a edição do CD pela Editora Althum teve lugar no mês de Dezembro; e a apresentação pública deste CD com música ibérica para órgão de autores dos séc. XVI e XVII teve lugar no passado dia 22 de Fevereiro no cadeiral do Mosteiro de Arouca.

O concerto de apresentação foi precedido de um breve explicação histórica e técnica sobre o órgão feita pelo organista Rui Paiva a quem se deve a iniciativa da edição deste CD, feita em conjunto com a Academia de Música de Santa Cecília e com a editora Althum de Lisboa.

Das 14 peças que integram este CD foram apresentadas 10 neste concerto que se iniciou e terminou com a interpretação de duas famosas “batalhas” do sec.XVII  e que permitiram assim a utilização dos numerosos registos deste órgão, incluindo a sua “roda de guizos”, procurando, deste modo, reproduzir os efeitos sonoros de um campo de batalha. Refira-se que a “batalha” é um género organístico muito desenvolvido na Península Ibérica no sec.XVII e que adquiriu bastante notoriedade em toda a Europa pela grande variedade de registos que utilizava. Diogo da Conceição e Pedro de Araújo são alguns dos autores portugueses que cultivaram este género musical e que, por isso mesmo, estão representados neste CD, além de outros, como Manuel Rodrigues Coelho, António Carreira, e os espanhóis António de Cabezón, Sebastián Duron, Sebastián Aguilera de Heredia, Correa de Arauxo e Juan Cabanilles.

 A obra discográfica

CD ÓrgãoMosteiro-CP (1)

 O CD vem incluído num pequeno livreto com excelente apresentação gráfica, contendo algumas imagens do órgão, acompanhadas de dois textos em português e inglês. O primeiro é do musicólogo Rui Vieira Nery sobre “O órgão e o seu reportório na Península Ibérica”. O segundo texto “O Órgão do Mosteiro de Arouca” é de Gerhard Grenzing, organeiro responsável pelo último restauro deste órgão efetuado em Barcelona entre 2007 e 2008 e que permitiu recuperar a sua sonoridade original, uma vez que restauros anteriores lhe haviam adulterado a sua identidade sonora.

Composto por 14 peças de música para órgão de autores diversos do séc. XVI e XVII, este CD com a duração de 70 minutos é, seguramente, um excelente subsídio para divulgar as potencialidades sonoras desta belíssima peça da organaria ibérica, construída pelo organeiro Manuel Bento Gomes em 1739 e instalado no local em 1743. Tem 1352 vozes, alimentadas por 24 registos. Trata-se de um órgão ibérico, um instrumento muito apreciado pelos especialistas, que o consideram um dos mais importantes exemplares da organaria deste tipo no mundo. Natural de Valladolid, Manuel Bento Gomes mudou-se para Portugal onde foi considerado um dos mais importantes organeiros do sec.XVIII.

O Organista

CD ÓrgãoMosteiro-CP (2)

Responsável pela edição deste CD, Rui Paiva possui o Curso de órgão do Conservatório Nacional, tendo aprofundado os seus estudos de órgão no Conservatório superior de Barcelona. Possui ainda os Cursos superiores de Cravo e de Órgão concluídos no Conservatório superior de Zaragoza.

Além de professor de órgão e Diretor da Academia de música de Santa Cecília em Lisboa, Rui Paiva tem participado em inúmeros concertos, não só no nosso país, como em Espanha, França, Bélgica, Itália, Holanda, Inglaterra, Croácia, Eslovénia, Polónia, E.U.A, Brasil e México.

Além deste CD, realizou diversas gravações discográficas com a interpretação de peças musicais dos séc. XVI, XVII e XVIII, com destaque para autores portugueses.

Este que agora acabou de ser apresentado é, certamente, uma merecida homenagem à beleza e às potencialidades sonoras do magnífico órgão ibérico que ocupa, mui justamente, lugar de destaque no cadeiral do Mosteiro de Arouca.

José Cerca

Publicado no semanário “Discurso Directo” nº295 de 28 de fevereiro 2014

{ 2 comentários… lê abaixo ouadiciona }

1 pedro marques 2 de Março de 2014 às 7:06

Uma maravilha, o órgão de Arouca por cujas teclas os meus dedos também já passaram.
Fico sempre deslumbrado quando o oiço a tocar.
Bem haja a todos quantos se preocupam e trabalham no sentido da recuperação e manutenção de órgãos assim.

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2 MARIA DA PENHA DO ROZÁRIO 20 de Junho de 2014 às 16:14

Gostaria de conhecer .. gosto múuito de música …

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