Desde a sua criação, há 14 anos, o passeio anual da Academia Sénior de Arouca tem sido um dos momentos mais altos e uma das atividades mais participadas pelos seus alunos e associados, tendo sempre como principais objetivos, não só o convívio social, como também o prazer da boa gastronomia e o enriquecimento cultural dos seus participantes.
Sempre com a duração de dois dias, o passeio deste ano da Asarc escolheu a região da Beira interior, como destino turístico e meta cultural.
Dos descobrimentos portugueses à cultura judaica
Belmonte onde terá nascido Pedro Álvares Cabral em 1467, foi a primeira paragem que permitiu aos visitantes seniores uma imersão na história dos descobrimentos portugueses, através da visita ao Museu dos Descobrimentos, inaugurado em 2009, e no qual puderam acompanhar a viagem que Pedro Álvares Cabral fez em 1500 e que resultou na descoberta do Brasil.
Além desta forte ligação aos descobrimentos portugueses, Belmonte é também a sede da maior comunidade judaica em Portugal e possui, além da Sinagoga Bet Eliahu, um importante Museu Judaico, inaugurado em 2005. Através da visita a esse Museu, os visitantes da Asarc puderam conhecer um pouco da história da última comunidade judaica da Península Ibérica e que foi obrigada a converter-se à religião cristã, mas que, mesmo assim, nunca abandonou as tradições e os rituais judaicos vividos em segredo no interior de suas casas.
Além da judiaria e do castelo de Belmonte houve ainda tempo para uma visita à igreja matriz datada de 1940, mas que alberga no seu interior a imagem de Nossa Senhora da Esperança que, segundo a lenda, terá acompanhado Pedro Álvares Cabral na sua viagem marítima até ao Brasil.
Covilhã e o Museu de lanifícios
De Belmonte seguiu-se para a cidade da Covilhã para almoçar num dos restaurantes da cidade. Depois do almoço, e após um breve passeio livre pelo centro da cidade, seguiu-se uma visita guiada ao Museu de lanifícios integrado na Universidade da Beira interior. Foi mais um interessante momento cultural que permitiu dar a conhecer a história e os processos do fabrico e do tingimento dos tecidos de lã, mais utilizados em Portugal, nos finais do sec.XVIII.
O primeiro dia deste passeio terminou na cidade do Fundão onde os turistas seniores jantaram e pernoitaram. Após o alojamento no hotel e antes do jantar, tempo ainda para se percorrer o centro da cidade e visitar a igreja matriz do Fundão onde Amália Rodrigues foi batizada em 6 de julho de 1921.
Aldeias históricas de Portugal
A Beira interior contém um conjunto significativo de aldeias históricas de Portugal que são motivo de atração turística, quer pela monumentalidade das suas muralhas, quer pela quantidade de ruínas arqueológicas que guardam segredos e escondem vivências de um passado longínquo.
Depois de terem visitado Belmonte no 1º dia, os alunos da Asarc percorreram o espaço medieval de Idanha-A-Velha fundada pelos romanos no sec.I a.c e ocupada, ao longo dos séculos, por inúmeros povos, cujas vestígios se mantêm através de numerosas escavações arqueológicas e de diversos edifícios, como o lagar das varas e sobretudo, através da igreja de Santa Maria, antiga Sé Catedral que terá sido, em tempos idos, uma antiga mesquita.
Após o almoço no hotel Fonte Santa, em Monfortinho, visita à aldeia de Sortelha, uma das 12 aldeias de Portugal mais bem preservadas e possuidora de uma beleza histórica, cultural e paisagística enormes.
Com o seu imponente castelo do sec.XIII e a sua torre de menagem, Sortelha oferece aos seus visitantes um ambiente medieval único, dominado pelo “reino do silêncio” e vigiado pelas Serra da Estrela e serra da Malcata.
Com uma rica e diversificada componente cultural e turística, acompanhada de uma deliciosa gastronomia, o passeio anual da Asarc deste ano foi um excelente momento de convívio que exprime bem a qualidade de vida que a Asarc pretende proporcionar a todos os seus alunos e associados.
José Cerca
Publicado no jornal “Discurso Directo” nº605 de 7 de julho de 2024