EM DIGRESSÃO POR SERRANIAS DA LOUSÃ

por jcerca em 22 de Junho de 2023

Passeio anual da Asarc

Mergulhados na natureza e impregnados pela ruralidade do interior do nosso país, os alunos e associados da Academia Sénior de Arouca realizaram, nos dias 20 e 21 de junho, o seu habitual passeio anual, que os levou a percorrer algumas localidades dentro da região centro de Portugal.

Penacova e o seu património mulinealógico

A primeira paragem foi no concelho de Penacova, onde existe o maior núcleo museológico de moinhos do País, quer em moinhos de vento, quer em moinhos de água.

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Por isso, o primeiro momento cultural e turístico constou na visita ao Museu do Moinho Vitorino Nemésio, na serra da Portela de Oliveira, instalado em 2016 na antiga casa do eng. Arantes de Oliveira que foi Ministro das obras públicas no anterior regime.

Acompanhados das explicações da guia, este foi um momento didaticamente muito interessante e enriquecedor, até porque a exposição dos diversos objetos que o moleiro utilizava no seu dia a dia eram acompanhados de esquemas e legendagem explicativa do seu nome e respetiva função.

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Após a visita ao museu, os alunos tiveram ainda ocasião de passar por alguns moinhos de vento recuperados, tendo mesmo a possibilidade de entrar no interior de um dos 3 moinhos de vento que pertenceram ao escritor açoriano Vitorino Nemésio.

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Na passagem por Penacova, uma breve paragem no centro da vila para admirar a paisagem sobre o vale do Mondego.

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Após o almoço em Foz do Arouce, seguiu-se a visita ao Eco Museu da Serra da Lousã, um museu Etnográfico criado em 1990 e remodelado em 2019 e que resultou da recolha feita por Louzã Henriques. Aí os visitantes, acompanhados de um guia, puderam observar uma quantidade enorme de alfaias, não só agrícolas utilizadas para trabalhar a terra manualmente, como também etnográficas sobre as antigas profissões, tais como o oleiro, o carpinteiro, o sapateiro, o ferreiro, o resineiro, o apicultor, etc.

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Da visita guiada ao Museu etnográfico passou-se ao castelo de Arouce, também conhecido por castelo da Lousã, e sobre o qual o guia explicou, não só a sua história lendária, como também a importância da sua localização estratégica em plena serra da Lousã.

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Da Lousã a viagem seguiu para a vila de Arganil, à entrada da qual os visitantes tiveram ocasião de visitar a capela de S.Pedro do sec. XIII e que é o único imóvel desta vila classificado como monumento nacional. Trata-se de uma capela sepulcral mandada construir por uma família nobre do reinado de D.Dinis, para servir de jazigo, mas que acabaria por nunca exerceu tal função a que fora destinada.

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Piódão, a famosa aldeia de xisto.

Depois de pernoitarem em Arganil os visitantes seniores continuaram a sua viagem com destino à visita de uma das mais emblemáticas aldeias de xisto do país, a aldeia do Piódão, em plena serra do Açor e que a todos encanta pela sua harmoniosa disposição em socalcos, perfeitamente integrada na natureza que a rodeia.

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Antes da chegada a esta aldeia, mais um mergulho na natureza para apreciar o encanto da Foz d’Égua que resulta do encontro da ribeira de Piódão com a ribeira de Chão, na freguesia de Piódão, num ambiente sedutor de grande beleza natural.

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Depois de um percurso por estradas estreitas e tortuosas, uma paragem em Côja, do concelho de Arganil, para o almoço num antigo lagar de azeite, situado mesmo à beira do rio Alva e em cujo restaurante ainda se podem ver utensílios do antigo lagar, nomeadamente uma enorme prensa de madeira utilizada para esmagar a azeitona.

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Após o almoço, paragem em mais uma aldeia serrana, do concelho de Arganil, Benfeita, para visitar a sua torre sineira que tem a particularidade de todos os anos, no dia 7 de maio celebrar o fim da II Guerra Mundial com 1620 badaladas, em referência aos dias que essa guerra durou.

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Bem perto dali, mais um mergulho na natureza para sentir a beleza e a fresquidão da queda de água da Fraga da Pena, inserida na área protegida da Serra do Açor.

Já de regresso a Arouca, mais uma paragem em Penela para subir ao seu castelo medieval do sec. XI e percorrer as suas ameias para admirar a paisagem que de lá se avista.

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E assim, com enriquecedores momentos culturais, acompanhados de salutares momentos de convívio e completados com deliciosos momentos gastronómicos, assim decorreu o passeio anual da Asarc que traduz uma maneira de se viver o envelhecimento ativo, que é um também um dos principais objetivos desta instituição.

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Publicado no jornal “Discurso Directo” nº591 de 07 de  julho de 2023

Texto e fotos – José Cerca

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COM AROUCA NO CORAÇÃO….E NA VOZ

por jcerca em 19 de Junho de 2023

Homenagem a Ruy de Carvalho

Foram três os momentos que pretenderam homenagear o ator Ruy de Carvalho no dia 16 de junho, precisamente no dia em que ocorriam os 25 anos em que a Câmara Municipal de Arouca lhe atribuiu, em 1998, a “chave de ouro do Município”, pela mão do seu Presidente de então, o Dr. Armando Zola.

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Retratos contados

A homenagem a este “arouquense de coração”, como ele gosta de ser considerado, começou com a abertura de uma exposição fotográfica no Museu Municipal, intitulada “Retratos contados” e que contou, não só com a presença da atual presidente da Câmara, Drª Margarida Belém, como também do Dr. Armando Zola e do curador da mesma, Nelson Mateus.

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A sessão de abertura iniciou-se com a assinatura, pela Presidente da Câmara e pelo ator, de um documento/cartaz que resume a grande ligação a Arouca deste ator que traz Arouca no coração e também na voz. Efetivamente, como referiu Margarida Belém, Ruy de Carvalho não se cansa de falar de Arouca, das suas belezas e da simpatia e hospitalidade do seu povo tão acolhedor.

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Tenho uma grande honra em pertencer à família arouquense” – vincou Ruy de Carvalho, após a assinatura. – Esta é a família que mais me marcou como homem e como pessoa – concluiu emocionado o ator.

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Seguiu-se depois uma visita à exposição, durante a qual Ruy de Carvalho, sentado numa cadeira de rodas, para não se cansar, ia comentando as inúmeras fotos que assinalam uma retrospetiva da sua longa e rica vida, desde a sua infância, à família, ao casamento, aos colegas com quem trabalhou e às inúmeras peças a que deu vida com a sua versátil arte dramática, sobretudo no palco, mas também no cinema e na televisão. São 8 décadas de carreira registadas nesta viagem fotográfica ao passado de uma fecunda vida com 96 anos ….e três meses, como ele divertidamente gostava de acrescentar.

20230616_190339A sessão da abertura desta exposição fotográfica terminou com um brinde ao homenageado, por todos os presentes, acompanhado com a degustação de produtos locais.
A exposição estará patente ao público até dia 23 de julho.

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Envelhecer no ativo”

Considerado um dos maiores nomes do teatro português, Ruy de Carvalho, com a bonita idade de 96 anos, é um exemplo notável de como envelhecer ativamente, tal como o foi o realizador Manuel de Oliveira.

Nesse sentido, ninguém melhor do que este ator para nos revelar os segredos de uma longa e bem produtiva longevidade. E foi o que aconteceu, nesse mesmo dia à noite, na Loja interativa de Turismo, numa tertúlia com Ruy de Carvalho, moderada por Nelson Mateus.

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A iniciar a tertúlia, Cláudia Oliveira, vice-presidente da Câmara, afirmou que é um orgulho para todos do arouquenses saber como Ruy de Carvalho meteu Arouca no seu coração e se apaixonou por esta terra. E abrindo o tema da tertúlia afirmou que Rui de Carvalho “incentiva-nos a viver mais e melhor”. E sintetizou o segredo dessa longevidade ativa numa frase que é um dos lemas de vida do ator: “A vida deve ser um ato de amor e de entrega”.

Sob a condução de Nelson Mateus, Ruy de Carvalho evocou, então, muitos momentos da sua vida, quer familiar, quer profissional, alguns deles passados e vividos nesta terra que o acolheu como arouquense de coração.

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Para demonstrar ainda a vitalidade e robustez do seu instrumento de trabalho, a sua voz, Ruy de Carvalho foi desafiado, pelo moderador da tertúlia, a recitar uma passagem do “Auto do Vaqueiro” de Gil Vicente. Tal momento surpreendeu todos os presentes, ao verificarem que, sem qualquer microfone, o ator encheu a plateia com a sua poderosa declamação.

Após algumas perguntas colocadas pela plateia, teve lugar a atuação do grupo coral da Academia Sénior que é também um exemplo vivo de como envelhecer ativamente em Arouca.

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A tertúlia terminou com toda a plateia a aplaudir de pé e com uma prolongada salva de palmas este exemplo vivo de um profícuo envelhecimento ativo.

Eunice e Ruy – viagem ao princípio

No dia seguinte, 17 de junho, dia em que Ruy de Carvalha fazia 69 anos de casamento com Ruth de Carvalho, já falecida em 2008, teve lugar na Loja Interativa de Turismo, o 3º momento desta homenagem arouquense a Ruy de Carvalho e que consistiu na projeção de um trabalho feito por Eunice Munoz e Ruy de Carvalho.

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Trata-se de um documentário da RTP filmado em palcos históricos, como o Teatro Nacional D.Maria II, o Trindade e o Teatro Romano de Mérida e que nos dá a conhecer o extraordinário percurso destes dois grandes vultos do teatro português.

Publicado no jornal “Discurso Directo” nº590 de 23 de  junho de 2023

Texto  e fotos – José Cerca

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ENCONTRO DE COROS NÁDIA OLIVEIRA

por jcerca em 5 de Junho de 2023

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Decorreu no dia 3 de junho, na igreja do Mosteiro de Arouca a 14ª edição do Encontro de Coros organizado pelo Orfeão de Arouca que abriu o concerto com a interpretação de duas peças, sob a direção do seu maestro Ivo Brandão e com o acompanhamento ao piano por Miguel Brandão.

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Seguidamente, atuou o centenário Orfeão de Águeda, fundado em 1916 e dirigido pelo professor Paulo José Neto e que interpretou três temas dos Beatles.

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Este encontro de coros foi ainda enriquecido com a atuação do grupo ProVocal Ensemble, dirigido por César Freitas. Trata-se de um grupo, bastante jovem, nascido ainda em tempo de pandemia, não só em PROl da voz, mas também para PROvocar sentimentos e sensações no publico que os ouve. E, de facto, as peças interpretadas pela sonoridade e harmonia das suas vozes, PROvocaram uma agradável sensação de arte e beleza musicais que a voz humana, devidamente educada, consegue oferecer.

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Refira-se que este grupo fez a sua primeira apresentação ao público, em 2021, ainda em período de pandemia, na escola Secundária de Arouca.

O encontro de coros terminou com a interpretação da “Missa Brevis” a cargo dos coros do Orfeão de Arouca e de Águeda, regidos por Ivo Brandão e acompanhados pela orquestra de sopros da Banda Musical de Arouca.

Refira-se que esta peça é uma missa para coro e orquestra de sopros que foi composta em 2002 em França (Alsácia), por ocasião das celebrações dos mil anos do Papa Leão IX.

Os coros e a orquestra de sopros interpretaram, em latim, as seis partes desta missa: o Kyrie, o Gloria, o Credo, o Sanctus, o Benedictus e o Agnus Dei.

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Terminado o Concerto procedeu-se à entrega de lembranças aos grupos participantes. Como fundador do Orfeão de Arouca coube ao prof. Ramiro Fernandes a entrega do troféu comemorativo deste 14º encontro a todos os grupos participantes, à família de Nádia Oliveira e demais entidades que colaboraram na realização deste encontro de coros.

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A encerrar o encontro, a Presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém congratulou-se com a realização deste evento num espaço envolvido por uma notável riqueza artística, revestida de excelentes condições acústicas e salientou a riqueza e diversidade dos grupos intervenientes no encontro.

Publicado no jornal “Discurso Directo” nº589 de 09 de  junho de 2023

José Cerca

Fotos – Carlos Pinho

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O INTELIGENTE AVÔ MANUEL

por jcerca em 4 de Junho de 2023

Um hino à simplicidade, um elogio à partilha intergeracional

Disse o poeta libanês, Khalil Gibran que “a simplicidade é o último degrau da sabedoria”. E a simplicidade é, de facto, a capa envolvente, do princípio ao fim, de “O inteligente avô Manuel” de Dilma Quaresma. E essa simplicidade começou já na génese editorial deste pequeno conto que, se não fosse a ousadia e o atrevimento de uma amiga da autora, a enviá-lo para uma editora, talvez ele continuasse fechado numa gaveta ou preso dentro de uma pen de onde, possivelmente, jamais sairia.

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João Guimarães, amigo de longa data da autora e que prefaciou e apresentou este conto destaca nesta sua apresentação a virtude da simplicidade, em vias de extinção na nossa sociedade. Mas, esclarece ele, se a sua forma de estar na vida é simples, o conteúdo da autora não o é. E não o é devido à sua “vasta experiência profissional”, à diversidade de interesses que congrega e à sua sólida formação humano-cristã em diversas áreas do saber, enriquecida pela herança familiar e pelos contributos que foi recebendo das comunidades com as quais interagiu através de um mútuo enriquecimento.

A publicação deste pequeno conto é, pois, uma maneira de partilhar, através da simplicidade, a riqueza da sua experiência e a profundidade e variedade da sua bagagem cultural. É isso, ao fim e ao cabo, a essência do “Inteligente avô Manuel”: uma partilha entre o autor e o leitor, através do canal da simplicidade que é “o último degrau da sabedoria”.

A apresentação

Com a sala da Biblioteca municipal completamente cheia, a sessão de apresentação deste conto de Dilma Quaresma foi aberta com dois temas musicais de autores portugueses, interpretados pela voz de Magda Brandão.

Seguidamente, Cláudia Oliveira, vereadora da Câmara Municipal de Arouca, ao referir-se à obra em apresentação, afirmou que ela é “um hino à intergeracionalidade e um ensinamento da primeira à última página”.

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A apresentação do livro esteve a cargo de João Guimarães, amigo da autora, que considerou este conto como um convite a uma viagem ao passado de cada leitor, e ao mesmo tempo, um desafio a que todos nós sejamos como o avô Manuel, transmitindo e partilhando a nossa experiência e os nossos conhecimentos a quem deles precisar.

Depois da representante das edições Metamorfose, Lúcia Gonçalves e das palavras de agradecimento da autora, a apresentação terminou com uma sessão de autógrafos, acompanhada de um pequeno lanche composto de produtos locais, oferecidos a todos os presentes pelos serviços da Biblioteca Municipal.

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O livro

A relação intergeracional entre netos e avós é a situação permanente em que este conto se inicia e se desenvolve, durante toda a narrativa, num ambiente bucólico e num clima de grande afetividade e calor humano.

Avô Manuel

E nessa relação intergeracional está sempre subjacente uma preocupação educativa na transmissão de valores, quer sejam relativos à importância da leitura no desenvolvimento de cada um, quer sejam na motivação para o acompanhamento das notícias da atualidade, quer sejam ainda na sensibilização ao ambiente e à preservação da natureza. Estes são alguns dos temas que conduzem este diálogo intergeracional entre o avô Manuel e os seus netos, tudo conduzido num ambiente de ar livre e de contacto com a natureza.

Pequeno, simples e de fácil leitura, este conto é mais um contributo para a transmissão de valores veiculados pela leitura junto dos leitores e que cada vez mais se torna premente o seu reforço na sociedade em que vivemos.

Publicado no jornal “Discurso Directo” nº589 de 09 de  junho de 2023

José Cerca

Fotos – Carlos Pinho

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ENCERRAMENTO DO MÊS DE MAIO

por jcerca em 1 de Junho de 2023

Nossa Senhora de Fátima

A reza do terço, durante todo o mês de Maio, é uma devoção popular já muito antiga e são numerosas as comunidades cristãs, não só em Arouca, como pelo País fora, em que tal devoção se mantém viva. Foi o que aconteceu, entre muitas outras, também na paróquia de Arouca.

No dia 31 de maio, dia em que a Igreja Católica celebra, liturgicamente, a visitação de Maria a sua prima Isabel, episódio esse que inspirou o tema das Jornadas Mundiais da Juventude, a comunidade paroquial de Arouca encerrou este mês mariano com uma procissão de velas em que um significativo número de devotos participou, mesmo não tendo sido assíduos, muitos deles, a essa prática religiosa que decorreu, durante todo o mês, nalguns espaços religiosos desta comunidade.

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A procissão de velas, com o andor de Nossa Senhora de Fátima enfeitado, iniciou-se na capela da Senhora do Carmo, no Calvário, com destino à igreja do Mosteiro de Arouca, passando pelas capelas de S.Pedro e de Santo António onde as pessoas se iam incorporando nessa caminhada e onde diversas crianças, lançavam pétalas sobre o andor.

Na sua passagem por algumas ruas da Vila de Arouca, enquanto se rezava a cantava, algumas casas associaram-se a essa procissão colocando velas acesas nas janelas.

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A poucos meses das Jornadas Mundiais da Juventude, que decorrerão em Lisboa na primeira semana de Agosto, era suposto haver uma maior presença juvenil neste evento mariano, dado que as próprias Jornadas Mundiais da Juventude desde sempre tiveram uma grande referência a Nossa Senhora.

Na igreja

Refira-se que as JMJ foram criadas em 1984 pelo Papa S.João Paulo II, também ele grande devoto de Nossa Senhora e muito ligado ao Santuário de Fátima que visitou por três vezes, em 1982, 1991 e 2000.

Publicado no jornal “Discurso Directo” nº589 de 09 de  junho de 2023

José Cerca

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