Monumento às trilobites

por jcerca em 1 de Julho de 2008

“A big moment for Arouca”


“Ao falarmos de fósseis estamos a referirmo-nos a restos ou vestígios de seres vivos que viveram em épocas geológicas mais ou menos remotas e que ficaram preservadas nas rochas que então se formaram. Desta forma, a sua descoberta e estudo científico contribuíram para o conhecimento e compreensão de diversos capítulos da História da Vida na Terra”.

Carlos Dias

Das pedras parideiras às trilobites

Logo do Geoparque AroucaFoi devido à descoberta deste tipo de fósseis – as trilobites – na louseira de Canelas que Arouca despertou a atenção da comunidade científica internacional, passando a dar-lhe notória visibilidade também no campo científico.

Se já antes das trilobites, o fenómeno geológico das pedras parideiras, no lugar da Castanheira, em plena Serra da Freita, despertara a curiosidade científica, a descoberta de raros exemplares destes fósseis do período Ordovícico, em Canelas, acabaria por redobrar e alargar essa atenção científica internacional.

Como corolário de tudo isto, surge o projecto do “Geoparque Arouca” em que o Município tem vindo a colocar todo o seu empenho.

A big moment for Arouca

Foi perante o Salão Nobre da Câmara Municipal de Arouca, completamente cheio, que no passado dia 17 de Junho, o Município deu as boas vindas a um conceituado grupo de especialistas mundiais em Geologia, oriundos da França, Alemanha, República Checa, Inglaterra, Escócia, China, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Argentina, Estónia, Noruega, Espanha e Portugal.

Foram 47 investigadores no âmbito da Geologia que participaram na 4.ª Conferência Internacional de Trilobites, a “Trilo 08″ que decorreu em Toledo, Espanha e que, como trabalho de campo prévio, se deslocaram a Arouca, antes do início dessa conferência, para tomarem contacto com os fenómenos geológicos das trilobites, das pedras parideiras e das pedras boroas.

Durante a recepção oficial a este grupo de cientistas, que manifestou todo o seu apoio à candidatura do projecto “Geoparque Arouca” às redes Europeia e Global de Geoparks, tomaram posse os corpos sociais da Associação Geoparque Arouca (AGA) que passará a ser, a partir de agora, a entidade responsável pelas acções do projecto, sendo seus principais objectivos conservar, valorizar e promover o património natural e geológico, bem como a promoção turística do Concelho.

O Prof. Dr. Artur Sá, coordenador científico do Projecto do”Geoparque Arouca”, considerou este momento, um grande momento para Arouca, para Portugal e, sobretudo, para o projecto que coordena há cerca de dois anos e meio.
Por sua vez, o Presidente da Câmara, Eng. Artur Neves, manifestou a esperança de que, no próximo ano, possamos contar com a chancela da Unesco a validar, finalmente, o projecto Geoparque Arouca.

“Vida: uma biografia não autorizada”

Estando a decorrer, no presente ano, as comemorações do Ano Internacional do Planeta Terra, fez parte da mesa que se constituiu para a recepção do grupo de investigadores, no âmbito da geologia e que visitaram Arouca nos dias 17 e 18 de Junho, a Prof. Dr. Maria Helena Henriques, coordenadora da Comissão Executiva do Comité Português para as comemorações do Ano Internacional do Planeta Terra.

Além dela, do Coordenador do Projecto do Geoparque e do Presidente da Câmara fez também parte da mesa Richard Fortey, considerado uma sumidade internacional no mundo geológico e autor do best-seller Vida: uma biografia não autorizada”.

Nessa obra, já traduzida em Português, mas ainda não existente na Biblioteca Municipal, o cientista Richard Fortey apresenta a história dos últimos quatro biliões de anos de vida na Terra, desde quando a Terra era um globo desolado, girando no espaço até à origem do Homo sapiens.

Refira-se que Richard Fortey é paleontologista do Museu de História Natural de Londres e membro da Royal Society, sendo também autor de vários livros científicos.

O monumento às trilobites

Desde que as rotundas foram inventadas, muitas delas têm sido, em qualquer terra que as possua, espaços dedicados a personagens ou a temas característicos da região em que se situam.

Aconteceu isso também em Arouca, na nova rotunda situada no cruzamento, a seguir ao Hotel S. Pedro.

Após a sessão solene de recepção, no Salão Nobre da Câmara Municipal, seguiu-se a cerimónia de inauguração do monumento às trilobites, localizado na referida rotunda.

Construído com duas enormes lajes de ardósia de Canelas, nas quais foram afixadas algumas reproduções de trilobites em metal, que se espera não venham a ter o mesmo destino que tiveram os potentes binóculos da Freita, este monumento veio embelezar mais uma das rotundas de Arouca com um motivo adequado à região e arquitectonicamente bem concebido, destacando assim uma das temáticas que está a projectar Arouca internacionalmente, no campo cientifico, através de alguns dos seus raros fenómenos geológicos, nomeadamente o das trilobites.

Trilobites & Arte

Este “big moment for Arouca” terminou com a inauguração de uma exposição, subordinada à temática das trilobites e que contou com a presença de trabalhos de expressão plástica do português Carlos Dias, bem como uma interessante colecção de trilobites, muitas das quais por ele recolhidas em Valongo.

Nessa exposição, aberta ao público na delegação de Turismo de Arouca, até dia 15 de Julho, está também presente um conjunto de trabalhos do checo Radko Saric, inspirados no fascinante mundo das trilobites.

Perante tão variado grupo de cientistas, atraídos a Arouca pelos seus fenómenos geológicos, o Município não poderia, de modo algum, deixar de os brindar com um Porto de honra, acompanhado da nossa variada doçaria conventual e regional.

Foi deste modo que terminou este “big moment for Arouca” no passado dia 17 de Junho.

José Cerca

Artigo publicado no "Jornal de Arouca" nº721 de 1 de Julho de 2008

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1 Manuel Vieira 21 de Agosto de 2008 às 9:58

Amigos:
Quem me poderá indicar os géneros de trilobites vulgares no ordovilico português ?
Os meus antecipados agradecimentos.

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