CRIMES AMBIENTAIS EM AROUCA

por jcerca em 27 de Março de 2010

Já se sabia que o Concelho de Arouca era procurado por determinadas empresas para aqui virem descarregar resíduos industriais.

O caso mais gritante e recente foi o da Serra da Freita, nas imediações do planalto da Senhora da Lage, já aqui denunciado.

No âmbito do Projecto Limpar Portugal, foram várias as dezenas de toneladas de lixo que saíram de Arouca, a maior parte  para aterro, outra parte  para reciclagem de plástico, de vidro,  de metal e de pneus. Só em pneus recolhidos e enviados para uma empresa de reciclagem (Constantino Fernandes e Oliveira) totalizaram-se 7 toneladas. Quanto à sucata recolhida, deve referir-se o oportunismo de um sucateiro, supostamente cá da zona que, depois de centenas de voluntários terem dispendido as suas energias na sua remoção dos mais diversos locais, a Frecha da Mijarela incluída, terá “limpado”, na noite seguinte, a maior parte desse metal, para proveito próprio.

Sucata rebocada por voluntários, do fundo da Mijarela

Embora diferente do lixo retirado, no dia 20 de Março, da maior parte das lixeiras limpas, foram recolhidas mais de 10 toneladas de resíduos industriais oriundos de empresas fora do Concelho de Arouca. 

 

Carregando os resíduos retirados pelos voluntários na Serra da Freita.

O lixo industrial

 Efectivamente, e após as rápidas investigações levadas a cabo pela vereadora do pelouro do ambiente da Câmara Municipal de Arouca, eng. Isabel Vasconcelos, veio a descobrir-se que as toneladas de resíduos industriais também depositadas na Freguesia de Mansores, eram da mesma origem dos resíduos largados na Freita e também aí foram depositados pela mesma empresa.

Contentor para transportar os residuos industriais para o aterro

Tendo sido transportados para o aterro da ERSUC, os resíduos de Mansores acabariam por regressar à sua origem, uma vez que o administrador da empresa, Dr. Alberto Santos, os não aceitou, muito embora se saiba que aí tenham sido depositados idênticos resíduos, presumivelmente também largados noutros concelhos pela mesma empresa prevaricadora.

A rápida intervenção da eng. Isabel Vasconcelos conseguiu que a empresa “Limparia”, contratada pela empresa responsável pela sua ilegal deposição em território concelhio, tenha levado mais estas 4 toneladas de resíduos industriais para o aterro em Boticas.

 Resíduos perigosos

A quantidade recente de lixo que se foi encontrando, não só no Concelho de Arouca, mas um pouco por todo o lado, levam-nos a concluir que, certas pessoas ou empresas, terão aproveitado a campanha do Projecto “Limpar Portugal” para se desfazerem, de qualquer modo, de lixo que tinham em sua posse.

Mesmo sabendo-se das facilidades e isenção de certas taxas que foram excepcionalmente criadas, no âmbito deste projecto, a verdade é que não faltou gente sem escrúpulos que tenha depositado lixo nos mais diversos locais.

Além dos casos já referidos, quer na Freita, quer em Mansores, um outro caso aconteceu na Vila de Arouca, precisamente no lugar da Portela, junto à estrada que conduz ao monte da Senhora da Mó.

Aí foram depositados resíduos de uma garagem, já identificada, contendo não só massas oleosas, como também óleos que foram despejados no solo, contaminando inevitavelmente os recursos aquosos.

Mais uma vez a rápida investigação da vereadora do ambiente terá chegado aos prevaricadores, obrigando-os imediatamente à sua remoção.

São estes mais alguns dos meandros escuros do lixo em Portugal.

Estas lamentáveis histórias de atentados contra a Natureza no nosso Concelho, se ambientalmente terminaram bem, graças à rápida intervenção da “SEPNA” da Câmara Municipal de Arouca, pensamos que, legalmente, só terminaria bem quando fossem severamente castigados os seus prevaricadores.

Seria não só uma questão de justiça, mas também uma lição dissuasora para futuros atentados ambientais.

José Cerca

Publicado no Jornal"Discurso Directo" nº100 de  2  de Abril  2010

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1 José Quaresma 27 de Março de 2010 às 11:30

Gostaria de não ter que comentar este tipo de artigos, sinal que a prevaricação e atentados ambientais não existiam. É triste e lamentável este tipo actitudes por parte de pessoas que, até poderão usufruir de conceituado estatuto social. Poderão ficar impunes perante a justiça mas aos olhos da sociedade em que estarão inseridos não passarão de uns criminosos, uns miseráveis de vil moral!

Bem haja ao autor deste e dos artigos-denúncia que se seguem.

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2 A.Teixeira Coelho 28 de Março de 2010 às 16:32

Parece que, finalmente, começa o princípio do fim da impunidade de certos criminosos. Ainda bem em benefício de todos. ATC

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3 jcerca 4 de Abril de 2010 às 6:47

Saíu no Público de hoje nova peça sobre este assunto. Pode ser lida aqui.
http://bit.ly/bLzA8k
Esperemos que após tantas denúncias, quer a nível local, quer a nível nacional as entidades competentes ajam em conformidade com a legislação prevista para estes crimes. A bem do ambiente!
José Cerca

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