Um concerto mariano cheio de arte, gratidão e emoção
Organizado pela Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda e por um grupo de ex-alunos do professor Nicolas Roger, realizou-se na tarde de domingo, 26 de junho de 2022, um concerto de homenagem a este organista, natural de Paris, onde nasceu em 1952, mas a viver em Arouca, desde há muitos anos, onde viria a falecer no dia 22 de fevereiro deste ano.
Com uma vida totalmente dedicada à música de órgão, com uma vasta cultura musical e possuidor de grandes dotes, não só como organista, mas também como exímio organeiro, que evidenciava através de um profundo conhecimento de todos os segredos do órgão ibérico do Mosteiro de Arouca, Nicolas Roger deu um enorme contributo, não só para a preservação desta bela peça organeira, datada de 1743, como também para a dinamização musical em Arouca. Daí que esta homenagem, além de oportuna, foi também uma homenagem merecida e justa.
Um concerto mariano com perfume a Fátima.
Este concerto de homenagem ao organista Nicolas Roger teve uma primeira parte constituída pela interpretação de 5 peças para órgão de autores franceses dos sec.XVII-XVIII, sendo cada uma delas interpretada por um ex-aluno do organista.
A segunda parte, porém, foi composta pela interpretação de 6 cânticos marianos que faziam parte do reportório que Nicolas Roger costumava acompanhar ao órgão da Basílica do Santuário de Fátima, sobretudo nas peregrinações dos dias 13. Cada um desses cânticos foi também acompanhado ao órgão por ex-alunos do professor Roger, que foi organista titular dos órgãos do Santuário de Fátima de 1998 a 2010.
O coro homenageante era constituído pelo Orfeão de Arouca e pelo Grupo coral de Urrô, dirigido por Ivo Brandão, também ele ex-aluno de Nicolas Roger.
Com a interpretação destes cânticos marianos, e sobretudo com a repetição, no final,do cântico “Ó Virgem do Rosário”, mais conhecido por cântico do Adeus a Fátima, a ampla nave da igreja do Mosteiro de Arouca, transformou-se, sonora e emotivamente, no recinto de Fátima.
Refira-se que quem dirigiu o coro, na repetição deste cântico final, foi o padre Artur Oliveira, que durante 40 anos dirigiu o coro do santuário de Fátima e que também quis associar-se a esta homenagem a Nicolas Roger.
Este concerto terminou com um momento emotivo através da entrega de um ramo de flores à dona Maria José, viúva do organista, com quem casou a 13 de maio de 1990.
Comovida com esta homenagem, Maria José considerou o mosteiro de Arouca também como sua casa, pois aí passou muitas horas, ajudando e acompanhando o marido nos ensaios e na execução dos numerosos concertos em que aí participou. Referiu ainda o papel que o seu marido desempenhou no restauro deste órgão e que foi feito em Barcelona, por Gerhard Grenzing, entre 2006 e 2009. Foi graças ao seu acompanhamento que se conseguiu recuperar a sonoridade original desta bela peça organeira a quem restauros anteriores tinham alterado a sua identidade sonora.
José Cerca
Fotos de Carlos Pinho
Publicado no jornal “Discurso Directo” nº567 de 8 de julho de 2022
Publicado no jornal “Voz Portucalense” nº25 de 29 de junho de 2022
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Tive a honra de estar presente num concerto que ficará memorável
Como tive a honra de também ter sido seu aluno.
De Nicolas Roger guardo uma grata recordação, onde a simpatia e disponibilidade e até acolhimento foram uma constante nas aulas que dele tive.