Apesar de alguma passageira polémica levantada nas redes sociais e depois de adiado por motivos meteorológicos, o concerto com o artista catalão Carlos Nunez foi memorável. E foi-o por quatro motivos.
Em primeiro lugar, porque assinalou, de uma maneira internacional, o Dia Mundial da Música que ocorria neste dia 1 de outubro. Na verdade, um concerto composto por artistas galegos, irlandeses e portugueses não poderia ser mais adequado para assinalar essa efeméride criada pelo International Music Council e que se celebra desde 1974.
Realizado precisamente no dia em que se iniciava um novo e tão ansiado período de desconfinamento pandémico, este concerto de Carlos Nunez foi também memorável, pois com a sua extraordinária alegria e com o seu ritmo contagiante assinalava assim o enorme desejo de todos a um progressivo regresso à normalidade que durante cerca de dois anos a pandemia nos roubou.
Por outro lado, realizado dentro do belíssimo espaço da cerca do Mosteiro, mesmo nas costas da ala que irá ser intervencionada para a instalação de um hotel de cinco estrelas, este concerto tornou-se também memorável por assinalar, tal como referiu a Presidente da Câmara, Margarida Belém, o início de uma nova vida para o Mosteiro de Arouca.
Finalmente, este concerto tornou-se também memorável porque conseguiu integrar, num mesmo palco e de uma maneira extremamente harmoniosa, melodias e instrumentos tão díspares e tão separados no tempo como o são, por exemplo, a gaita de foles com caraterísticas galegas e qualquer outro instrumento da centenária Banda Musical de Arouca.
A beleza das melodias galegas, a espiritualidade das músicas celtas e a extraordinária harmonia polifónica das vozes arouquenses, bem expressas pelo grupo de cantares de Santa Maria do Monte, fizeram deste Concerto do catalão Carlos Nunez, um concerto memorável, não só pelo espaço emblemático em que ocorreu, mas também pelo simbólico dia em que foi realizado.
E para assinalar tudo isto, nada melhor do que encerrar este memorável concerto com o “Hino de Arouca” cantado por todos os intervenientes neste magnífico espetáculo, cuja impecável organização teve mesmo o cuidado de colocar um pequeno cobertor de aconchego em cada uma das cadeiras.
Refira-se ainda que este Concerto foi cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional da União Europeia e pelo Programa Operacional Regional do Norte – Norte 2020, integrado no Portugal 2020.
José Cerca