Teve lugar no dia 7 de maio, junto à torre dos Mouros, no lugar de Lourosa de Campos, mais um excelente espetáculo, fora de palco, levada a cabo pelo Grupo Cultural e Recreativo de Rossas, que recriaram aí a lenda da Torre dos Mouros.
Com a ação passada entre Valinhas e a quinta dos Mouros em Lourosa, a narrativa centra-se no amor proibido do cristão João e da moura Ália que enfrenta, como seria natural, a oposição de seu pai. Mas, apesar da deceção e fúria paterna o amor proibido acabará por triunfar, pois, “o que o homem juntou Deus nenhum poderá separar”.
O texto, da autoria de Odete Teixeira, está muito bem imaginado e inclui mesmo a bem conhecida passagem da carta de S.Paulo sobre o amor, posta na boca do cristão profundamente apaixonado pela moura Ália.
Quanto à interpretação, essa foi excelente, como excelente foi o “palco” escolhido para esta recriação da lenda da Torre dos Mouros.
Designada também por torre medieval, ou torre mourisca, este é um edifício único em todo o concelho de Arouca e que, mesmo sendo do domínio privado, recebeu obras de conservação que acabaram por lhe acrescentar novas alterações que tem vindo a sofrer ao longo dos séculos.
De forma quadrangular e com 3 pisos, esta torre, contendo elementos góticos, juntamente com algumas características militares defensivas, nomeadamente seteiras e matacães, pertenceu a Soeiro Nunes “militar de Caambra” que a empenhou ao Mosteiro de Paços de Sousa através de escritura feita a 27 de março de 1264.
Segundo Simões Júnior, a entrega definitiva desta torre a este Mosteiro foi feita em 10 de Março de 1283.
Após a divisão da Mesa do Mosteiro de Paços de Sousa em abacial e conventual, esta torre passou para a posse dos Jesuítas e, posteriormente, para posse da Universidade de Coimbra que acabaria por a vender, passando, deste então, para o domínio particular até hoje.
Apesar de algumas tentativas por parte da Câmara Municipal de Arouca, e não obstante a sua importância histórica, este imóvel que se encontra inventariado no plano diretor Municipal, nunca foi objeto de classificação. Em 2015 encontrava-se em grande estado de degradação, tendo recebido, recentemente, obras de restauro que lhe restituíram grande parte da dignidade que o estado de abandono lhe roubara.
José Cerca