Com mais de 500 anos de tradição, a Festa das Fogaceiras, em honra do mártir S.Sebastião, realiza-se todos os anos em Santa Maria da Feira, tendo como ponto alto o dia 20 de janeiro em que se evoca a proteção deste santo, durante a epidemia da peste, em 1505, que matou cerca de metade da população da cidade.
Reza a lenda local que, durante quatro anos esta tradição da procissão das fogaças foi quebrada e a peste regressou. Perante tal acontecimento, a tradição recomeçou e ainda hoje a população cumpre o voto ao seu santo protetor e dá vida a uma das mais antigas tradições do país e bem conhecida dos arouquenses.
O castelo e o Convento dos Loios
Ainda dentro destas festividades municipais, a Academia Sénior de Arouca realizou, no passado dia 26 de janeiro, uma deslocação a Santa Maria da Feira, tendo como ponto principal a visita ao seu castelo medieval e ao Museu Convento dos Loios, criado em 1938 mas instalado, desde 1992, no edifício do respetivo Convento.
Esta visita foi acompanhada das explicações do professor de história da Asarc, o arqueólogo Diogo Gomes, que muito contribuíram para a compreensão do património histórico visitado.
Após a visita ao castelo e aos núcleos de história, arqueologia e etnografia das Terras de Santa Maria, expostos no Museu, passou-se à visita à igreja Conventual dedicada a S.Nicolau e que foi enriquecida com as explicações de um cicerone local.
Fogaças do Castelo
A deslocação dos alunos da Asarc a Santa Maria da Feira terminou na confeitaria “Fogaças do Castelo”, bem perto da igreja dos Loios e fundada em 1943. Aí, os visitantes arouquenses foram simpaticamente recebidos pelo seu proprietário atual, Diogo Almeida, que lhes explicou o modo de fazer a fogaça, demonstrando, mesmo, a maneira de enrolar a massa e os cortes que faz com uma tesoura para criar na massa as saliências que pretendem evocar os 4 coruchéus das torres do castelo medieval.
Após esta explicação, seguida com muito interessante pelos visitantes seniores, cada um deles regressou a Arouca com uma fogaça, sabendo que, tal como as nossas “bolas de S.Bernardo”, também as fogaças devem ser cortadas à mão e não com a faca.
Esta foi mais uma iniciativa da Academia Sénior de Arouca e que contribuiu não só para o enriquecimento cultural dos seus alunos, como também para a fruição de salutares momentos de convívio.
José Cerca
Publicado no jornal “Discurso Directo” nº580 de 03 de fevereiro de 2022